quinta-feira, 8 de dezembro de 2011


Vim de um arco-íris e escorreguei por dentro de uma gota de chuva.
O céu era azul e a terra amarela, e deles nasci.
Andei à cata de coisas e poisei num cacto do deserto.
De mar em mar, de lagarto em rã,
descobri esmeraldas e abri os olhos dos gatos.
Andei de gatas, rasteirinho, pela terra dos gafanhotos novos,
da salsa, das nabiças, da alface e da hortelã.
Fiz-me caldo verde.
Fui à mesa, escondido no vidro das garrafas.
Dei-me a cheirar nos manjericos.
Espreitei pelas persianas
e vi os carros passarem quando eu mandava.
Mostrei-me nas bandeiras. Subi às alturas na hera dos muros;
nos limos, nas algas, desci às funduras.
Viajei muito, colecciono tudo: penas de papagaio, berlindes,
ervilhas, trevos de quatro folhas, moedas desenterradas.
Umas vezes sou velho, outras vezes sou novo.
Tanto posso despontar de uma erva escondida,
como posso secar numa folha caída. 

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